segunda-feira, 30 de junho de 2008

A Ciência e a Guerra - Marcelo Gleiser

Arquimedes, o grande inventor e matemático grego, ajudou ao seu patrono, o rei Hiero de Siracusa, a criar máquinas de guerra que detiveram vários avanços dos poderosos exércitos romanos. Diz-se até, em meio a relatos legendários de origem duvidosa, que ele queimou toda uma armada de navios usando espelhos côncavos gigantescos que focavam a luz do sol. Se não espelhos, ele certamente desenvolveu catapultas as mais variadas e outros instrumentos capazes de lançar bólidos a grandes distâncias.
Isso, quase três séculos antes de Cristo. Já estava selado, desde então, o pacto entre a ciência e a guerra. Passados mais de dois mil anos, cá estamos nós, nos defrontando com a ameaça de novos horrores, nascidos dessa inevitável aliança.
Em seu livro "Armas, Germes e Aço", o americano Jared Diamond argumenta convincentemente que o expansionismo europeu se deu, principalmente, devido à detenção de tecnologias de guerra desconhecidas de outras culturas. Essas não envolviam apenas mosquetes e canhões, mas doenças contagiosas que dizimaram cidades e vilarejos inteiros antes da chegada dos canhões. As populações locais não tinham os anticorpos necessários para combatê-las.
Os mesmos princípios desenvolvidos por Arquimedes e por conquistadores europeus ainda estão em uso: se não são catapultas, são mísseis carregando explosivos de grande poder destrutivo, nucleares ou não, ou agentes biológicos e químicos contra os quais não temos defesa. Os países que detêm o controle político são aqueles com as armas mais efetivas, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Não por coincidência, estes países são também os que sustentam maior atividade de pesquisa científica. As exceções são Japão e Alemanha.
Essa aliança entre poder e ciência é inevitável. Como no mito de Prometeu, são os cientistas que roubam o fogo dos deuses, o conhecimento que pode nos tornar tão poderosos quanto eles. De fato, através da história, vários líderes políticos que detinham (e detêm) o controle de poderosas armas e exércitos tinham a sua visão um tanto embaçada pelo poder, se considerando às vezes como divindades, acima das deliberações do resto dos homens. Eles desfilavam (e desfilam) pelo planeta exibindo as suas armas a tiracolo, como troféus.
A ciência, muitas vezes, acaba sendo vista como a culpada disso tudo. "São os cientistas os responsáveis por essas armas, são eles os monstros, manipulados pelos políticos como marionetes", dizem os descontentes. É contra essa visão da ciência e dos cientistas que escrevo hoje. Em primeiro lugar, a ciência em si não cria ou destrói.
Somos nós os criadores e destruidores. Somos nós que decidimos o que fazer com as nossas invenções. Ponho criação e destruição lado a lado pois essas duas facetas da ciência são inseparáveis. O que seria da vida moderna sem antibióticos, tecnologias digitais, aviões, carros e tanto mais?
Esquecemos também que somos nós que elegemos os políticos que fazem uso de armas de destruição. Claro, existem exceções, como no caso de ditadores que conquistam o poder à força. Saddam Hussein usou armas químicas sobre os curdos. Mussolini bombardeou populações civis na Etiópia. Hitler, Stálin, Mao, nem se fala. Exemplos não faltam. Mas a verdade é que em democracias também não. Truman autorizou o uso das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Ironicamente, são os americanos, cujos líderes políticos se consideram a polícia do mundo, os que detêm as armas de destruição mais poderosas. E que já as usaram. A decisão do uso ou não de armas de destruição não é tomada por cientistas, mas por políticos. E o ato em si cai nas mãos dos militares.
Esses argumentos não exoneram os cientistas de sua cumplicidade histórica. Seu dever civil é, a meu ver, melhorar as condições de vida da humanidade. Desse pacto inevitavelmente nascem novas tecnologias e novas armas. Não é com a ciência que devemos nos preocupar, mas com a imaturidade do homem, cientista ou não, que não sabe como lidar com o poder que vem roubando dos deuses.
Publicado na Folha de S.Paulo, 02/03/2003
Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu" dentre outros.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

São Luís - 1º anos

Pessoal, tudo bem!

O professor Mário Jorge está disponibilizando para vocês uma ficha de exercícios que abrange todos os assuntos vistos até o momento. Façam o dowload do arquivo no endereço abaixo. Lembrando que quando entrar na página do rapidshare, clicar em FREE para ter acesso ao arquivo.

Boas férias e não se esqueçam que estarei postando semanalmente artigos sobre Física que podem interessar a vocês. Hoje estou também postanto o segundo.

http://rapidshare.com/files/125156175/exercicios_gerais_de_f_sica_mec_nica_.doc.html

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Resolução - Física I - Parcial do II trimestre

1) Um objeto em movimento circular uniforme passa pelo ponto A e, 1 segundo após, passa pelo ponto B. A aceleração vetorial média nesse intervalo de tempo tem módulo em m/s².












2)Um menino está parado, de pé, sobre um banco. A Terra aplica-lhe uma força que denominamos “peso do menino”(ação). Segundo a terceira lei de Newton, a reação dessa força atua sobre:

A 3ª Lei de Newton afirma que a toda ação existe sempre uma reação de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto. Se um corpo comete uma ação em outro, então o outro aplicará uma força de reação sobre o primeiro. Assim, se a Terra exerce força sobre o menino, o menino exercerá uma força sobre a Terra(reação)


3. Um astronauta com o traje completo tem uma massa de 120 kg. Ao ser levado para a Lua, onde a gravidade é de aproximadamente 1,6 m/s², a sua massa e o seu peso serão, respectivamente:


Ao ser levado para lua sua massa permanece a mesma, enquanto que o seu peso sofre alteração por conta do campo gravitacional da lua ser menor. Assim, na lua m=120 kg e P=m.g=120.1,6=192N


4) Uma força horizontal de intensidade 10N é aplicada no bloco A de 6kg, o qual por sua vez, está apoiado em um segundo bloco B, de 4kg. Se os dois blocos deslizam sobre um plano horizontal sem atrito, qual a força em Newton, que o um bloco exerce sobre o outro?


5) Dois corpos A e B ( mA=3,0 kg e mB=6,0 kg ) estão ligados por um fio ideal que passa por uma polia sem atrito, conforme a figura. Não há atrito e o fio é ideal. Considerando-se g=10m/s², calcule a aceleração dos corpos e a tração no fio.

Gabarito do simulado - Física I

GABARITO DE FÍSICA I: E E A D A

segunda-feira, 16 de junho de 2008

gabarito das questões de 2 à 7 - exercícios base

2-100N
3-5,8m/s²
4- 9m/s², 18N, 18N
5-20m/s², 180N
6 - nosso próximo conteúdo
7-5cm

domingo, 15 de junho de 2008

Para João Gabriel e outros

Qualquer dúvida na lista de exercícios base me procurem na próxima terça-feira ou através do blog podemos tirar as dúvidas. É só deixar o recado.

Um aviso para todos: só responderei os comentários ou recados daqueles que se identificam.

Um abraço a todos e boas provas!

sábado, 14 de junho de 2008

Sobre gotas e esferas - Marcelo Gleiser

Volta e meia é bom deixarmos de lado assuntos mais exóticos, como buracos negros, Big Bang, mecânica quântica, neutrinos ou supercordas, e pensarmos um pouco sobre as coisas que vemos todos os dias e que passam quase, ou totalmente, despercebidas. É mesmo uma pena que, em nossas vidas apressadas, mal tenhamos tempo de vislumbrar a beleza dos fenômenos simples, de apreciar a elegância das soluções que a natureza encontra para equilibrar função e forma. Por isso, hoje escrevo sobre uma forma que estamos cansados de ver, a gota d'água.Para tornar o assunto um pouco mais romântico, imagine que você foi acampar com o seu amado (ou amada) na serra, em uma bela noite de junho, quando a temperatura já está mais fria. Como sabem aqueles que acampam, com o sol nascendo fica difícil dormir até tarde. Você sai da tenda para atender às suas necessidades biológicas e percebe que as plantas à sua volta estão todas decoradas por belíssimas gotas de orvalho, hemisférios líquidos resplandecentes, elegantemente simétricos.Encantado, você começa a pensar nas várias gotas d'água que passam por sua vida, sem que você dê a menor bola: no suor sobre a sua pele, na condensação no chuveiro, no vidro embaçado do carro, nas gotas de chuva, nas lágrimas de sua amada (ou amado) durante um filme triste etc. Então você percebe, de um só golpe, que todas essas gotas têm uma coisa em comum: elas são esféricas ou, quando sobre uma superfície, hemisféricas. A questão passa a ser uma obsessão. Por que a esfera? O que determina essa forma e não outra?Imagine uma gota d'água, suspensa no ar. A água é composta por moléculas combinando átomos de oxigênio e hidrogênio. A força que mantém as moléculas unidas é a atração elétrica entre os seus átomos integrantes. Uma molécula é eletricamente neutra, isto é, sua carga elétrica total é zero. Mas não exatamente.O ponto é que a distribuição de carga na molécula nunca é perfeita: existe sempre um excesso (ou ausência) de carga, dando à molécula uma pequena força atrativa conhecida como força de Van der Waals. Isso significa que uma molécula dentro de uma gota é atraída pelas suas vizinhas em todas as direções, o que resulta em uma força total nula. Mas esse cancelamento das forças não ocorre para as moléculas na superfície da gota: afinal, não existem moléculas acima delas para exercer qualquer atração --só de ar, mas o efeito é mínimo. Ou seja, existe um desequilíbrio que faz com que as moléculas na superfície da gota sejam atraídas para seu interior.Essa atração força as moléculas na superfície a se aproximarem mais, tornando-a mais densa. Esse efeito é conhecido como tensão superficial do líquido e é o responsável pela resistência que a superfície de um líquido oferece contra a sua expansão ou ruptura. Isso explica, por exemplo, por que uma agulha de metal, que é aproximadamente oito vezes mais densa do que a água, pode boiar. Diferentes líquidos têm diferentes tensões superficiais. A do mercúrio é quase seis vezes maior do que a da água, a 20ºC. Quando a temperatura aumenta e as moléculas estão mais agitadas, a tensão superficial diminui.E o que isso tem a ver com a esfericidade das gotas? Como a tensão superficial causa uma contração das moléculas na superfície, ela faz com que sua área seja a menor possível. Para um volume fixo (a quantidade de líquido na gota), a forma geométrica com superfície de menor área que existe é a esfera. Portanto, é a tensão superficial que faz com que as gotas tenham essa forma. Se você cutucar a gota bem de leve, você verá que ela vai oscilar um pouco e depois voltará a ter a forma esférica.A esfera reaparece em vários outros lugares: balões, planetas, estrelas. Nesses casos, as explicações para a forma são outras e ficam para depois. Mas uma coisa é sempre verdade: a esfera é muito comum porque ela constitui a solução mais econômica entre as tensões que existem nos objetos. A natureza, sábia que é, forja esse compromisso na forma mais simétrica que existe.
Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"

1ª Séries - São Luís - Projeto de Iniciação Científica

Pessoal, tudo bem?

Estou divulgando para todas as turmas uma das linhas de pesquisa da disciplina de Física(1 e 2)

linha de pesquisa nº 1 : Histórias em quadrinhos no Ensino de conteúdos de Física.

Quem se interessar por essa linha me procure, pois já tenho idéias a respeito de temas para o trabalho. Informo ainda que o projeto dessa linha de pesquisa será multidisciplinar

Um abraço à todos e boa sorte no simulado!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Para todos!

Pessoal

A partir desta sexta-feira estarei postando no blog textos e artigos a respeito de conteúdos de Física. Esses artigos são assinados por mim, por colegas de trabalho e outros autores, que possam contribuir para o ensino-aprendizagem de Física. Toda sexta-feira será postado um novo artigo. Se interessar copiem e arquivem. Espero que gostem e recomendem.

Um abraço a todos.